Quando criamos expectativas sobre algo, ou sobre alguém, e as coisas não saem como esperávamos, é bem ruim, não é mesmo? Quantas vezes isso já não aconteceu com você? Podemos nos sentir tristes, desanimados, decepcionados ou, até mesmo, com raiva. É um verdadeiro misto de emoções. E, dependendo de quão alta era essa expectativa, o resultado pode ser uma dor emocional grande. É por isso que reunimos aqui algumas reflexões sobre este tema, e esperamos que ajudem você a lidar com as frustrações e perceber o quanto elas são importantes para o nosso amadurecimento.
54% dos brasileiros estão frustrados com relação ao trabalho
52% dos jovens brasileiros com 30 anos estão frustrados
Uma boa maneira de iniciarmos o papo sobre frustração é falarmos sobre o seu significado. De maneira resumida e simples, frustração é uma idealização, uma expectativa que nós criamos ou esperamos e que não acontece do jeito que gostaríamos.
Para a psicologia, a frustração é um sentimento comum a todo ser humano, como uma resposta emocional à oposição, geralmente acompanhada de sentimentos como desânimo, decepção, raiva e tristeza.
Aqui, vale ressaltarmos o seguinte: quando falamos em frustração, precisamos diferenciar as pequenas frustrações das grandes frustrações. Ficou confuso? Vamos lá!
Sabe quando você está com vontade de comer um sorvete, vai no mercado ou na venda da esquina e não encontra o sabor que queria? Isso, provavelmente, poderá lhe deixar frustrado, mas será algo pequeno, passageiro, normal até. Afinal, não saiu do jeito que você pensou que seria, correto?
Vamos conversar um pouco sobre as grandes ou profundas frustrações que sentimos na vida; os planos que fazemos, o esforço que demandamos e as respostas nem sempre positivas que colhemos, e o quanto o nosso emocional é ou pode ser atingido.
Vida adulta
Se você chegou à vida adulta, com certeza já enfrentou alguns tipos de frustrações. Seja em algum relacionamento amoroso, familiar, de amizade, uma gravidez que não ocorreu, uma promoção no trabalho que não aconteceu, uma viagem interrompida, enfim, poderíamos dar inúmeros exemplos aqui. Infelizmente, estas situações estarão presentes na nossa vida e fora do nosso controle. Por isso, é muito importante aprendermos a lidar com elas.
Você já deve ter ouvido o seguinte: “as pessoas precisam passar por frustrações para evoluírem”. É o pensamento de que precisamos sofrer para valorizar algo, sabe? Precisamos ter cuidado com frases assim. Elas podem ser tendenciosas e, dependendo do contexto, podem ser equivocadas.
Gosto mais do ponto de vista de que as frustrações podem conter excelentes ensinos para a nossa experiência e para o nosso amadurecimento. Quer dizer que é preciso viver no sofrimento? Não. Então quer dizer que precisamos evitar o sofrimento a qualquer custo? Também não.
Apenas quer dizer que a superproteção contra algo que é natural na vida – as nossas frustrações – poderá prejudicar o efeito positivo de evolução que este sentimento complexo nos proporciona.
Vamos falar de uma maneira mais fácil e resumida? A frustração não precisa ser buscada ou forçada, mas quando aparecer em nossa vida, precisa ser tratada da melhor maneira.
Experiências desconfortáveis são inevitáveis em nossa vida. Mas a forma como lidamos com elas pode nos ajudar. Não podemos acreditar que somos casos sem esperança, que os conflitos e as dificuldades da vida serão para sempre. É preciso enxergar a frustração como algo que passará e que, sim, podemos transformar em algo bom.
Por que nos sentimos frustrados?
Como já comentamos, a frustração tem a sua origem nos sentimentos de insegurança e incerteza após uma experiência em que não obtivemos êxito.
E o que eu quero dizer com “olharmos” ou “observamos” a frustração? Estas palavras podem parecer subjetivas, mas o intuito é analisarmos o que de fato estamos sentindo quando usamos esta definição.
A frustração, que é um substantivo feminino, muitas vezes é utilizada como um adjetivo generalista. Você já reparou nisso? Pessoas que não estão contentes com seu trabalho, com o estudo, com as relações, com os planos de vida ou outros motivos, são descritas como pessoas frustradas.
Quando ouvimos estas queixas conseguimos entender o que significam, o que nós ou a pessoa está enfrentando. Porém, precisamos nomear os sentimentos e emoções por trás de cada uma destas situações.
Por exemplo, o que seria estar frustrado com as relações amorosas? Seria um sentimento de solidão? Seria o medo de não ser amado de volta? Seria um boicote inconsciente relacionado à autoestima?
Percebeu como mergulhar mais nas queixas pode ampliar a visão sobre a situação? Isso poderia ser feito com todos os exemplos citados.
Claro, você poderia perguntar: por que isso é importante? Falar de maneira geral já não é o suficiente para a compreensão?
Volto ao que falamos logo no início: se for algo pequeno, sem tanto peso, não tem problema usarmos definições mais generalistas. Entretanto, se for uma situação mais profunda, vale pegarmos a lupa e olharmos mais minuciosamente.
O que significa Tolerância à Frustração?
Tolerância à frustração quer dizer que precisamos aprender a lidar com recompensas de longo prazo e a administrar o conflito interno do “querer x dever”.
A maioria dos nossos grandes sonhos na vida não acontecem da noite para o dia. Eles demandam planejamento, esforço e paciência. A vontade de tomar um suco ou um refrigerante bem gelado pode ser resolvida facilmente indo à padaria ou a uma loja de conveniência ou ao mercado. No entanto, ficar com o corpo que queremos na academia vai demorar muito mais tempo. Entende o que eu quero dizer?
Pelo fato de os nossos planos e sonhos maiores exigirem um percurso mais longo, há grandes chances de haver obstáculos e imprevistos neles. E aqui entra uma das simples e grandes lições a respeito de nossas dificuldades de tolerância e a nossa fácil desistência frente às adversidades: a recompensa não será imediata.
Toda vez que o que você deve fazer, entra em conflito com o que você quer fazer, e você escolhe o que você deve fazer, você está aumentando a sua tolerância à frustração.
Com o passar da vida e o amadurecimento, vamos ganhando mais paciência e recursos para enfrentar situações desagradáveis e entender que elas sempre estarão presentes e que não precisamos sofrer tanto com elas, pois tendem a ser passageiras.
Outro ponto importante é sobre o nosso próximo. Geralmente a nossa frustração com o outro está relacionada a uma expectativa que temos. Mas, essa expectativa é nossa e não do outro. Parece óbvio, mas o que eu quero dizer com isso? Precisamos ter mais consciência sobre o que é nosso, sejam as dores, faltas ou expectativas, e não descontar tudo no nosso próximo. Isso será mais um passo na autoanálise e no amadurecimento.
Que tal refletirmos um pouco para entendermos como está sua tolerância à frustração? Eis aqui alguns pontos importantes para observar:
- Costumo adiar tarefas com frequência;
- Desisto das coisas imediatamente quando enfrento obstáculos;
- Quero sempre uma gratificação imediata;
- Sinto desconforto quando uma situação demora mais que o esperado;
- Tenho dificuldade em aprofundar relações (perda do ganho imediato e das novas experiências).
Importante ressaltar que baixa tolerância à frustração não é nenhum indício de doença, transtorno ou algo extremamente grave. É um estado da sua vida. E, caso esteja sendo difícil lidar com isso, existem profissionais da saúde que poderão lhe ajudar.
Criar expectativa é errado?
Jamais. Pelo contrário, é saudável criarmos expectativas, voltarmos a nossa energia a situações que queremos que aconteçam e fazer algo por isso. As expectativas nos ajudam a construir nossas metas, objetivos, planejamentos e orientações. Contudo, aqui vai uma palavra mágica, com EQUILÍBRIO. Ou, se você preferir, com FLEXIBILIDADE.
Quando visualizamos o futuro que queremos, de curto, médio ou longo prazo, isso nos move no sentido de alcançarmos estes objetivos, e isso é muito bom e saudável.
A grande questão aqui é termos equilíbrio – ou flexibilidade – ao sabermos que todo este nosso planejamento pode não sair do jeito que pensamos. A vida é composta de variáveis e isto pode fazer mudar a rota de tudo. Por mais chato que isso seja – e é mesmo, é importante termos tolerância.
E pode confessar aqui pra mim (aproveite que ninguém está olhando): os resultados de alguns destes planos que não saíram conforme o planejado, foram melhores do que os originais. Acertei?
Para finalizar este trecho, vai aqui um alerta com o outro lado da moeda. Cuidado com frases ou recomendações como: “se você fizer tudo bem feito, ao final, tudo dará certo”, ou ainda: “a recompensa do seu esforço virá”.
Claro que as intenções podem ser boas. E, de fato, precisamos fazer a nossa parte. Porém, estas frases, por mais simples que pareçam, são muito complexas, pois os resultados dos nossos planos dependem de uma série de fatores, e entre os diversos caminhos que seguimos, alguns podem resultar em frustração. Afinal, temos pouco controle sobre as coisas, e a história de uma pessoa é diferente da outra.
Expectativas precisam ser realistas e precisam estar alinhadas com o quanto de esforço você está fazendo por aquilo ou por aquela pessoa.
Reações comuns à frustração
Existem 03 comportamentos característicos e comuns às pessoas que enfrentam momentos de frustração:
- Compensação: quando a pessoa utiliza outros meios, conscientes ou inconscientes, para tentar satisfazer a falta deixada pela frustração, geralmente utilizando métodos pouco saudáveis, como por exemplo: comer, jogar ou gastar.
- Fuga: pela dificuldade em lidar com a situação, a pessoa se afastará ao máximo do que lhe causou o desconforto, perdendo a chance de transformar essa frustração em uma experiência de aprendizado.
- Evitação: a pessoa evitará ao máximo se colocar em situações semelhantes às que lhe causaram frustração, passando a viver com novos medos e receios.
O que fazer para lidar com a frustração?
Resiliência e tolerância são dois termos que podem nos ajudar a guiar este complexo sentimento que, por mais claro que seja em sua própria definição, pode trazer conteúdos extremamente arraigados e enraizados.
No momento em que estamos experimentando uma frustração, podemos nos consumir e nos cegar momentaneamente frente à situação. Contudo, é importante tomarmos uma certa distância daquilo que nos frustrou para termos uma melhor visão sobre o ocorrido. Normalmente, quando nos afastamos de algo que estamos vendo muito de perto, conseguimos ter uma visão mais ampla, um panorama geral, mais completo.
Assim como já falamos aqui, a frustração tem uma função positiva também em nossa vida, apesar de ser uma experiência ruim. Ela é de vital importância para o crescimento e desenvolvimento humano.
Quando somos pequenos, grande parte da nossa frustração vem com os limites que nos foram impostos. E que bom, não é mesmo? Imagina o caos que seria a nossa vida se não tivéssemos estes limites?
Com o passar do tempo, a maneira como lidamos com a frustração será determinante para a nossa construção psicológica, desde a infância até a fase adulta. Isso nos ajuda a obter suporte emocional em nossa capacidade de adaptação, em nossa flexibilidade com as adversidades e em nossa empatia para com o próximo.
Precisamos aprender a aceitar que momentos frustrantes virão. Não significa simplesmente aceitar as coisas de uma maneira passiva. Significa entender que momentos inesperados poderão nos afetar negativamente. Porém, é preciso entender que este é só um momento da sua vida, e o seu impacto não pode ser maior do que a nossa capacidade de lidarmos com o problema.
Afinal, nem tudo é nossa responsabilidade, nem tudo dará certo e nem tudo depende de nós.
Pensar desta forma demonstrará amadurecimento, seja no simples ou no complexo. Ganharemos mais consciência e conhecimento sobre nós mesmos e sobre o nosso lidar e agir. Precisamos estar abertos para os imprevistos da vida, sem que eles acabem conosco. Ver as coisas mais como realidade, e não como gostaríamos que fossem.
Saiba que você é um ser humano imperfeito, convivendo com pessoas imperfeitas. Todos erramos. Todos criamos expectativas. E todos nos frustramos, assim como todos falhamos.
Caso você esteja sendo muito crítico consigo e colocando em xeque a sua autoestima, vá com calma, seja justo com você. Use a sua dor, use a sua crise, use as suas falhas não com o peso da penalização, mas com a possibilidade de mudança.
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Conclusão:
A frustração é parte da experiência humana, resultando da lacuna entre expectativas e realidade. É comum sentir desânimo, raiva e tristeza nessas situações. Enfrentamos frustrações pequenas e grandes na vida adulta, como relacionamentos, trabalho e metas não alcançadas. É importante aprender a lidar com elas, pois podem trazer aprendizados e crescimento.
Tolerância à frustração é essencial, pois muitos objetivos exigem esforço e tempo para serem alcançados. Criar expectativas é saudável, desde que haja equilíbrio e flexibilidade para lidar com possíveis mudanças de planos. Reagir à frustração com compensação, fuga ou evitação pode ser prejudicial; é importante desenvolver resiliência e tolerância.
Aceitar que nem tudo está sob nosso controle e que falhar é parte da vida nos ajuda a lidar melhor com a frustração. Aprender com os erros é fundamental para enfrentar esses momentos difíceis.