Thiago Heine, Psicólogo
A Pornografia
Pesquisas recentes indicam que mais de 72% das pessoas querem parar de ver pornografia. Pode ser que a pornografia não seja algo tão perturbador em sua vida. Ou, talvez você esteja experimentando as consequências da pornografia em sua vida. De qualquer maneira, compreender os prejuízos causados pela pornografia é fundamental para que possamos encarar a realidade e buscar uma vida mais saudável, livre dos vícios.
1 em cada 3 pessoas procura pornografia pelo menos 1 vez por mês.
Homens são 543% mais propensos a verem pornografia do que mulheres.
98,5% das pessoas em geral já viram pornografia.
Socorro! Mordi a isca, mais uma vez…
Reincidência é lugar-comum para quem vê pornografia. Diversas pesquisas indicam altas frequências de acesso a conteúdo pornográfico, independente de idade, estado civil, sexo ou religião. E as conexões digitais só aumentam os números: não importam quais sejam as redes sociais, ferramentas de pesquisa e websites que você utiliza, as chances de se deparar com imagens e vídeos pornográficos, ainda que não tenha essa intenção, são muito grandes. Portanto, pode-se dizer que as gerações mais recentes são, até certo ponto, vítimas… Afinal de contas, a quantidade de conteúdo pornográfico disponível, gratuitamente, a apenas um clique de distância, é praticamente imensurável. Nesse contexto, é importante compreendermos quais são os impactos que isso pode trazer para a sociedade como um todo, e também para os indivíduos que consomem pornografia, ou que se relacionam com esses consumidores. Talvez você se sinta culpado por ter “mordido a isca” da pornografia, ou conheça alguém que está enfrentando essa situação. Mas, não se desespere! Vamos conhecer melhor essa temática, para aprender como lidar com ela.
É possível desenvolver um vício em pornografia?
Você já deve ter ouvido alguém utilizar o termo “vício” em vários contextos. Por exemplo, quando uma pessoa diz que é viciada em chocolate, porque gosta muito desse doce, e o consome com grande frequência. No entanto, diferentemente do entendimento popular sobre o termo, a definição mais tradicional do que é vício não está relacionada somente à frequência com que se realiza algo. De acordo com Angres (2008), vício significa fazer algo que não se quer fazer, mesmo que isso lhe cause algum mal. Para entender melhor, vamos retomar o exemplo do chocolate: se a pessoa que o consome perceber uma grande elevação em sua pressão arterial ou nas suas taxas de glicose sanguínea, ela deveria reduzir significativamente esse consumo, para o bem de sua saúde. Mas, se ela reconhece esses males que o chocolate lhe causa, e ainda assim não consegue parar de consumi-lo, apesar de seu desejo e esforço em fazer isso, então, de acordo com a definição apresentada, poderíamos concluir que ela está viciada. No contexto da pornografia, essa situação é presente na vida de muita gente. Pesquisas recentes indicam que mais de 72% das pessoas gostaria de parar de ver pornografia³. Há diversos fóruns na internet, e também profissionais especializados no cuidado com quem luta contra a pornografia, e esses espaços estão repletos de relatos de pessoas que têm percebido os males que a pornografia pode lhes causar, e por isso estão buscando ajuda. Mas, será que existe alguma razão para isso? Você reconhece algum prejuízo que a pornografia pode causar?
Estamos aqui para te ouvir!
Estima-se que, de todo o fluxo de dados na internet ao redor do mundo, pelo menos 30% sejam de conteúdo pornográfico.
Consumir conteúdo pornográfico expõe seu cérebro a descargas hormonais que podem transformar suas opiniões e comportamentos, e todas as evidências científicas sérias indicam fatores negativos nessa prática.
Quais são os malefícios de se consumir pornografia?
Mesmo que o interesse da indústria pornográfica seja vender sua imagem como algo inofensivo, os impactos negativos que a pornografia pode trazer para a sociedade como um todo, para quem está envolvido nessa indústria, para indivíduos consumidores de conteúdo pornográfico e para as pessoas que com eles se relacionam são incontáveis. Se você não está convencido disso, confira a seguir alguns dos impactos que a pornografia pode causar.
Sobre o consumidor:
- Maior propensão ao desenvolvimento de outros vícios e depressão;
- Hipofrontalidade – distúrbios na região pré-frontal do cérebro, que é responsável por avaliar impulsos e gerar a tomada de decisão;
- Dessensibilização – diminuição de interesse e prazer em atividades cotidianas;
- Maiores riscos de desenvolver disfunção erétil.
Sobre quem faz parte da indústria pornográfica:
- 88,2% das cenas pornográficas apresentam agressão física; em 94,4% das ocasiões, as vítimas das agressões são mulheres;
- Apenas 17% dos atores e atrizes usam preservativos e mais de 80% possuem alguma DST (Doença Sexualmente Transmissível);
- A grande maioria se rende ao uso de drogas (entre as mais comuns, maconha, ecstasy e cocaína).
Sobre os relacionamentos:
- 56% dos divórcios têm relação direta com um interesse excessivo por pornografia, por parte de um dos cônjuges;
- Aumento do interesse por práticas sexuais violentas ou abusivas;
- Diminuição da intimidade e da satisfação sexual;
- Infidelidade;
- Desvalorização da monogamia, do casamento e da criação de filhos.
Por que algumas vezes nos sentimos culpados por ver pornografia?
Eu não sei se você tinha noção de todos esses dados; a realidade é que muitas pessoas não conhecem os malefícios que a pornografia acarreta, e por isso acabam consumindo conteúdo pornográfico sem pesar as consequências. Ainda assim, mesmo que não tenham uma compreensão concreta dos impactos que a pornografia causa, a culpa é um sentimento muito comum para quem consome esse tipo de conteúdo. Na verdade, esse é o sentimento com que as pessoas mais se identificam, após ver conteúdo pornográfico³. A culpa que sentem as pessoas que veem pornografia pode surgir devido a diversos fatores. Entre os mais comuns está um senso de moralidade, que indica que há algo de errado nesse comportamento. E não importa qual é a sua posição filosófica ou religiosa, não importa qual é a sua visão de mundo, não há como negar que há muita coisa errada com a pornografia, especialmente quando conhecemos os grandes prejuízos que ela causa. Portanto, esse sentimento de culpa pode ter um lado positivo. Ele pode atuar como um indicador de que estamos trilhando um caminho que não é desejável, e assim se tornar um passo importante no processo de mudança. Por outro lado, para algumas pessoas a culpa pode ser paralisadora… De acordo com o médico Paul Tournier (1985), as pessoas sofrem com a culpa porque creem que “tudo deve ser pago”, ou seja, que seus maus comportamentos devem sofrer consequências justas. Assim, elas “realmente pagam, quase literalmente, com a sua saúde. A tremenda agonia desta culpa inesgotável (…) é uma espécie de sacrifício expiatório que estão rendendo”.
Mudança de comportamento é possível?
Quando estamos imersos em culpa, ou obcecados pelo desejo de satisfazer urgências sexuais sem pesar as consequências, perdemos a perspectiva, e corremos o risco de chegar à conclusão de que não há outra maneira de nos comportarmos. Pensamos que é assim mesmo que somos, e desistimos de lutar. Esse risco é real, e muitas pessoas passam por isso, na área da pornografia e também com relação a outras questões que nos afligem. No entanto, vale a pena lutar, pois há muitas vantagens para uma pessoa que deixa de ver pornografia. Primeiro, que cada clique a menos em qualquer tipo de conteúdo pornográfico significa uma redução da demanda pela produção desse tipo de conteúdo.
Então, recusar-se a ver pornografia é uma forma de lutar contra uma indústria violenta, que está baseada na exploração sexual – principalmente de mulheres e crianças. Além disso, muitas pessoas que param de ver pornografia relatam melhoras significativas em seu relacionamento conjugal, com familiares e amigos, e o aumento na disposição e satisfação em realizar atividades cotidianas. Agora, pode até parecer que esse é um sonho distante, mas tenha certeza: esse é um caminho possível! É um caminho em que não há atalhos. Faz parte do processo identificar e eliminar os elementos que disparam o desejo de consumir pornografia, e procurar adotar hábitos mais saudáveis. Mas é preciso saber que não há mágica; a mudança é percebida com o tempo, e os desafios persistem em existir, em todo o processo. É um caminho melhor percorrido quando não estamos sozinhos. Um dos maiores obstáculos a ser superados é a vergonha de admitir nossas próprias dificuldades. No entanto, com o apoio adequado, temos maiores chances de identificar o que, sozinhos, não vemos. É bom ter alguém em quem confiar, com quem podemos ser honestos e que esteja disposto a ajudar.
5 dicas para quem deseja parar de ver pornografia
A seguir, apresentamos algumas dicas simples para ajudar. Em nossas páginas internas você encontrará outras informações e dados que podem ser um auxílio em sua caminhada.
- Ficar sem acesso à tecnologia pode ajudar o corpo e a mente a relaxarem mais profundamente.
- Quando estiver cansado, descanse.
- Pratique esportes. É uma boa maneira de distrair a mente e cuidar do corpo.
- Socialize-se de maneira despretensiosa, com interesse pelo que as outras pessoas têm a dizer.
- Converse com alguém de confiança sobre as suas dificuldades. Você tem alguém com quem conversar e se abrir?
Estamos aqui para te ouvir!
E O QUE MAIS?
Pode ser que a pornografia não seja algo tão perturbador em sua vida; ou, então, que você esteja enfrentando na pele os prejuízos que ela traz. Em qualquer caso, compreender esses prejuízos é fundamental para que possamos enfrentar a realidade, e buscar uma vida mais saudável, livre de vícios. No entanto, como já vimos antes, não há passe de mágica para essa situação. Colocar em prática as dicas que demos pode ajudar, e muito. Mas é preciso compreender que a mudança de hábitos é um processo, e que o fato de uma pessoa acessar pornografia pode revelar questões importantes sobre outros aspectos mais profundos de sua vida.
A culpa, o medo de ser descoberto, e mesmo a frustração de perceber que a pornografia não é capaz de atender aos nossos mais sinceros desejos de relacionamento e afetividade, tudo isso mostra que essa questão tem raiz em nosso coração. Todos nós precisamos de transformação de dentro para fora: quando nosso coração e nossa mente estão bem, então nossas ações podem melhorar. Isso nos leva a uma questão de extrema importância: como anda seu contato com sua fé? Essa pergunta pode lhe deixar curioso ou mesmo intrigado, mas saiba que ela pode ter uma influência mais efetiva do que você pensa, e trazer uma paz totalmente diferente e plena ao seu coração, e consequentemente, à sua mente e ao seu corpo. Em nossas páginas internas há mais conteúdo sobre a temática da pornografia e sobre como ela pode interferir em sua vida. Há, também, informações para que você saiba como a fé cristã pode ajudar você a lidar com esses desafios.