Por Michelle Hillig Schmidt – enfermeira em São Paulo, SP.
No Brasil, o mês de agosto é conhecido como “Agosto Dourado”, um mês para o incentivo à amamentação. Neste breve relato, gostaria de compartilhar minha vivência. Talvez você tenha percebido que nosso título está incompleto. Justamente porque, após ouvir diversas histórias de outras mulheres, acredito que esse assunto é complexo.
Amamentar é um ato de vínculo único entre mãe e bebê. Essa é uma frase muito comum de se ouvir. Mas, como pensar nisso quando a mãe está cansada após o parto ou passou por várias noites em claro, ou pela mudança hormonal drástica ou pelas mudanças do corpo que podem gerar feridas que doem ou machucam?
A dinâmica, agora, é totalmente diferente do que acontecia na gestação; depois do nascimento há um bebê que necessita de dedicação e atenção. Uma criança que está em adaptação, aprendendo a respirar e a se alimentar, vivenciando exposição à luz, temperatura, insegurança e ao ambiente. Também podem surgir pressões da família ou da própria mulher consigo mesma pelo novo papel que precisa assumir. Muitas vezes isto gera agonia, frustração, depressão e ansiedade. Por vezes, muitas mulheres gostariam de amamentar, mas não podem por alguma doença ou por não terem condições. E aquelas que perderam seu bebê, mas ainda produzem leite? Muitos pontos para pensarmos, não é mesmo? Acho importante entender que “está tudo bem” se você consegue amamentar, e “está tudo bem” se você não consegue. O importante é a mãe e o bebê estarem saudáveis e vivendo em harmonia.
Eu tive dificuldades na primeira semana do meu filho. Ele estava perdendo peso, nem eu e nem ele sabíamos o que estava dando errado. Ele chorava de fome diversas vezes ao dia; foi desafiador e chorei. Chorei por achar que não ia conseguir, e por pouco não desisti. Entretanto, desejava este momento e tinha a convicção de que o leite materno seria a melhor opção para o meu bebê, pois é o alimento mais completo e natural. Isto demonstra que necessitamos de apoio nestes momentos, pois temos limitações. O melhor apoio que podemos ter é o amor de Deus, pois ele tem total comprometimento e dedicação conosco. Ele não abre mão de nós e é insistente em mostrar que está ao nosso lado. Ele entende nossas dificuldades e aflições. Deus nos ama com todo o carinho, como de uma mãe por seu bebê, independente da situação.
Outro ponto que admiro é o funcionamento do corpo humano. Após o nascimento, a mãe produz leite por uma série de hormônios, glândulas e estímulos, transferindo anticorpos, o que faz o bebê se saciar e crescer. Você já parou para pensar como é perfeita a criação de Deus? Fomos criados à sua imagem e semelhança. Deus pensou em cada detalhe. Ter esse momento único entre mim e o meu bebê é maravilhoso e cheio de carinho e amor. Representa, para mim, um pedaço do céu na terra que Deus favorece. A dicotomia entre amor e sacrifício, reflete também o que Jesus fez por nossa salvação através de sua morte de cruz.
Durante meu período de dificuldade, tive muito apoio do meu marido, da família e dos amigos que me tranquilizavam. Essa rede de apoio é fundamental para a mulher, especialmente pela pessoa mais próxima da mulher. Saber que alguém está ao seu lado e está presente é fundamental. As palavras positivas e o auxílio nas atividades da casa e com o bebê, permitindo que a mãe descanse, favorecem a amamentação. Se você está passando por dificuldades, peça ajuda e fale sobre o que você precisa.
Agora, após vivenciar e ouvir experiências, acredito que amamentar é um ato que necessita ser refletido, ressignificado e alinhado às expectativas da mulher, do seu parceiro e do que se deseja para o bebê. Então, sobre o título, você pode completar com o que fizer mais sentido, ok?
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