Por: Julissa Reynoso Díaz – Psicologa especializada em aconselhamento bíblico familiar no México.
Eu acordo, me espreguiço e me preparo para levantar. Depois de dar aquela lavada no rosto e organizar minha mente, olho pela janela. Está tudo tão tranquilo, tão quieto, se não fosse o barulho dos pássaros eu duvidaria que está amanhecendo. Hoje irei trabalhar no escritório, com todos os cuidados possíveis para manter minha família segura, e cuidar daqueles que lidam comigo ou com meus entes queridos. Em tempos de pandemia, pequenas decisões tão simples carregam um peso enorme.
No caminho para o escritório, contemplo alguns rostos de poucos caminhantes da cidade, é uma manhã fria. Eles estão agasalhados, mas apesar disso, em vários olhares encontro um grito silencioso de “Estou com frio!” É uma situação triste e muito frequente ultimamente.
Parece que o humor das pessoas combina com o céu cinzento e o tempo gelado. A energia é letárgica e, embora esteja chegando a época das festas, a companhia das pessoas não parece ser suficiente para afastar esta sensação cada vez mais avassaladora. É um vislumbre do que acontece com muitas pessoas nesta temporada, principalmente neste ano.
É bem possível que haja uma nostalgia excessiva, devido à falta de satisfação em algumas das nossas áreas, porque não conseguimos o que almejamos depois de muitos meses de esforços inconstantes e malsucedidos.
Às vezes nos cobramos demais, e às vezes damos desculpas demais com relação às nossas metas não cumpridas. O fato é que não gostamos de passar por mudanças tão bruscas, seja em nossa vida pessoal, em nosso corpo e mente ou em nosso ambiente. Estamos acostumados a sermos o que somos, e quando nos vemos obrigados a mudar, queremos voltar ao que éramos, pois nossos vícios e compulsões estão profundamente enraizados em nós.
Ter propósitos e metas pessoais nos estimula e canaliza a nossa energia. Ter um horizonte e uma direção a seguir nos dá segurança. Porém, desfrutar o momento atual, este exato segundo em que estamos respirando, é realmente revitalizante. É uma prática muito simples que nos conecta com a vida e nos torna mais gratos de uma forma tão natural que a nossa alma descansa.
Quando nos avaliamos, deveríamos buscar o caminho para chegar aos nossos objetivos, corrigindo aquilo que é necessário. Mas, acabamos cortando nossas próprias asas, nos punindo pelo que não fizemos e matando o “aqui e agora”. Isso nos enche de desânimo.
Espere, respire, concentre a sua atenção no que você tem agora. Continue, siga em frente!
Por outro lado, essa tristeza melancólica também pode surgir da memória de uma perda, seja de alguém ou de algo; sentir falta do que já não existe é uma dor que envolve todo o nosso ser, afundando-nos numa escuridão que parece não ter saída. Quando e como a ajuda chegará? Reconhecer as nossas limitações e pedir ajuda já é um sopro de vida, um recomeço.
Vivemos um ano de muitas perdas, e não é fácil nos adaptarmos para seguir em frente enquanto temos nossa atenção voltada para uma nova realidade. É preciso abrir mão da resistência, permitir a aceitação. A lembrança que devemos guardar é mais do que o momento da perda, é um acúmulo de experiências emocionantes cheias de aprendizado, traços vivos na mente e no coração. Essa é a valiosa herança que pode nos ajudar a respirar com satisfação nestes novos dias, para trilhar o novo caminho passo a passo. Isso é reconfortante.
O dia já está chegando ao fim.
Olho para a noite que vem surgindo no céu, parece um manto de luz serena e sutil onde ficam as estrelas, é o que tenho agora. Sei que em algum lugar as estrelas fazem sua festa presencial, enquanto em outros os raios do sol já aquecem a vida. Quanta diversidade neste momento! Eu apenas sinto minha emoção e gratidão.
A você que lê, ofereço as minhas esperanças. Minha melhor sugestão? Esperar. Respirar. Concentre sua atenção no que você tem agora. Continue. E que tal se, desta vez, você incluir a Deus? Você certamente irá saborear mais a jornada de sua existência com ele ao seu lado.