Por: Wagner Knopp, São Paulo – Brasil.
Não era uma questão de “se”, mas “quando”.
A angústia e ansiedade tomam conta, antes, durante e depois do contágio. E são fortes, e podem derrubar. Antes do contágio era uma expectativa. Após a chegada do vírus, a realidade é de uma luta feroz entre o seu corpo e o vírus. Você não se reconhece na batalha.
Aí a pergunta é: “Será” que os sintomas vão piorar? Será que em 14 dias vai normalizar? Será que vou sair dessa? Será que, depois, eu estarei imune? Na medida do possível, a gente tenta manter a cabeça no lugar para acalmar a família. Mas como, se nem os médicos têm respostas?
A partir do sétimo dia os sintomas se agravaram e a ida para a UTI foi inevitável. Mas, em um momento, como em um ponto de inflexão, a situação se inverteu e a sensação de poder respirar de novo invadiu meu peito com esperança.
Os dias vão passando, e a melhora é contínua. Para mim foi uma recuperação em ‘V’. Fiquei muito ruim e agora só melhoro.
Sequelas? Nenhuma.
Recebi dezenas de mensagens reconfortantes e nunca imaginei que eram tão importantes para quem está doente, numa UTI, como foi pra mim.
Já em casa, o aprendizado com esse vírus me fez rever alguns valores, como aqueles que visam o ser humano. Passei alguns dias com amigos e colegas de trabalho, compartilhando experiências e desmistificando muita coisa a respeito deste vírus que trouxe muita desinformação. Hoje, a vida é muito mais preciosa para mim. Assim como a família e aqueles que me apoiaram de qualquer forma estão nas minhas orações.
Dar valor às pessoas, cuidar, saber ouvir as angústias e ansiedades, e enviar uma mensagem de conforto e esperança, é o legado desta experiência com o vírus. Isolado num leito de UTI, nunca me senti sozinho. Deus estava no controle, e usou pessoas para cuidar, motivar e confortar.
Sou Wagner Knopp, totalmente recuperado, agradecido a Deus e confiante que a vida sempre vale a pena.